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domingo, 7 de agosto de 2011

Seleção indígena de futebol feminino iG Esporte






Apaixonadas pelo esporte, boleiras-índias não se intimidam com as dificuldades e buscam inspiração na família e em Marta, craque brasileira eleita a melhor jogadora do mundo


Um time de moças paraenses quer conquistar o mundo. Escolheram um meio nada simples para se mostrarem, o futebol. Para aumentar os desafios, elas têm de enfrentar o estigma da etnia. As jovens em questão são indígenas. Vivem em aldeias do Pará e, agora, vão representar o país como a primeira seleção indígena feminina do Brasil.
Como aconteceu com a seleção brasileira feminina, a Funai (Fundação Nacional do Índio) decidiu abrir caminhos no futebol criando o time. Agora, buscará apoio da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para que as reconheça e ajude a criar campeonatos profissionais, reivindicação antiga de atletas que são profissionais há anos.
Apaixonadas pelo esporte, as indígenas não se intimidam com as dificuldades que precisarão enfrentar. Contam com o apoio da Funai e espelham-se nos maridos, pais e irmãos índios que já montaram o time masculino. Inspiram-se na atacante Marta, craque brasileira eleita quatro vezes a melhor jogadora do mundo.
Kyara Tuxêre tem apenas 14 anos é a estrela da seleção indígena. Joga futebol desde os sete anos e demonstra total familiaridade com a bola. É a grande aposta dos técnicos do time paraense no qual treina todos os dias, o Gaviões (base da seleção). O nome faz referência à etnia a que Kyara pertence, conhecida popularmente como gavião.
“Eu tenho o sonho de ser jogadora profissional. Acho que a seleção vai mostrar nossa cultura e que podemos crescer também”, opina Kyara. Moradora da aldeia Parkatejê, próxima à cidade de Bom Jesus do Tocantins, no Pará.
Hakakwyi Lima Haraxarê, 24 anos, também jogadora do time, alerta que o futebol mudou a realidade de muitos índios. A proximidade com a população branca fez com que o álcool e as drogas chegassem aos indígenas. Segundo a Funai, uma das razões para investir no esporte é combater o alcoolismo e a dependência química nas tribos. “Foi muito bom porque o futebol mudou a vida das pessoas. Já faz parte da nossa cultura também”, analisa Hakakwyi.
Visita à BrasíliaCarlos Dias, responsável pelas ações de esporte e lazer da Funai, tem planos ambiciosos: quer organizar uma Copa do Mundo entre times indígenas. Ela conta que países como a Noruega, o México, a Nova Zelândia e a Costa Rica têm seleções indígenas. A seleção brasileira deve, inclusive, enfrentar o time da Noruega em junho.
Dias já esteve até no Ministério dos Esportes pedindo apoio. Ele acredita que ainda há muito preconceito contra a população indígena, mas sonha com mudanças. As meninas da seleção passarão o fim de semana em Brasília. No domingo, disputam um amistoso contra um time profissional da cidade, evento em comemoração do Dia do Índio.
O time-base da seleção já disputa campeonatos amadores nas proximidades de Marabá. O Gaviões ganhou o último título da competição municipal. Kyara e as colegas de seleção treinaram com jogadoras universitárias da cidade na sexta-feira. A partida ficou empatada, mas elas prometem arrebentar no domingo contra as profissionais.

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